quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Você é...




Você é os brinquedos que brincou, as gírias que usava, você é os nervos a flor da pele no vestibular, os segredos que guardou, você é sua praia preferida, Garopaba, Maresias, Ipanema, você é o renascido depois do acidente que escapou, aquele amor atordoado que viveu, a conversa séria que teve um dia com seu pai, você é o que você lembra.
Você é a saudade que sente da sua mãe, o sonho desfeito quase no altar, a infância que você recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, você é aquilo que foi amputado no passado, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lágrimas, você é o que você chora.
Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, você é o pelo do braço que eriça, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, você é as palavras ditas para ajudar, os gritos destrancados da garganta, os pedaços que junta, você é o orgasmo, a gargalhada, o beijo, você é o que você desnuda.
Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, você é o desprezo pelo o que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá, você é aquele que rema, que cansado não desiste, você é a indignação com o lixo jogado do carro, a ardência da revolta, você é o que você queima.
Você é aquilo que reinvidica, o que consegue gerar através da sua verdade e da sua luta, você é os direitos que tem, os deveres que se obriga, você é a estrada por onde corre atrás, serpenteia, atalha, busca, você é o que você pleiteia.
Você não é só o que come e o que veste. Você é o que você requer, recruta, rabisca, traga, goza e lê. Você é o que ninguém vê.

Martha Medeiros

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Aos meus amigos...

Ando com muita saudade dos meus amigos. Alguns de longas datas, outros recentes, alguns que moram perto, outros longe demais. Cada um seguindo seu rumo, buscando realização e cada vez, mais distantes. Não é a distância que apaga o amor e pra mim, a amizade é uma das mais belas formas de amar.


Dedico à vocês estas palavras de Vinicius de Moraes.






Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos...

Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...

Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados...

Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo...

Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!

A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos...

Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo...

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011





Me sinto invadida
com esse teu olhar
despindo minha falsa rispidez.


Me sinto traída
quando mostras perceber
em meu orgulho, timidez.


Sinto-me arrependida
em não corresponder o olhar
que me conjuga sem ler.


Sinto-me perdida
por não me entregar
contento-me em escrever.


Emanuelle Tínel 




domingo, 11 de setembro de 2011





Acho que não sei falar de amor. 
Me acostumei a falar de solidão,
tristeza, dor, saudade, decepção.
Sentimentos que conheci a fundo.
Desacreditei no amor.
Era só mais uma palavra bonita
que as pessoas usavam para enganar a tristeza.
Julguei-me forte por não amar.
Mas quando me olhava no espelho
não mais me via.
Sombras de um coração...


Daí você apareceu
do meu inverno fez verão
me envolveu, submeteu
meu egoísmo à sua paixão.
Confesso, tentei fugir.
Mas foi mais forte que eu
repentinamente, como uma fênix renasceu.


Descobri em você
no seu sorriso, no seu olhar
palavras que se renovam 
e me fazem te amar.
E falar de amor
mesmo sem usar 
as palavras corretas.




Virar a sorte
sem pensar na morte
devanear sem tirar os pés do chão.
No encalço do desejo
transfigurei o beijo
e mando embora essa mórbida solidão.
Talvez eu vá com ela
talvez a deixa partir.
E se ela voltar?
E se me segurar?
A solidão também acompanha,
esquenta quando o sol se vai
fica, quando o amor sai.


Emanuelle Tínel

sábado, 10 de setembro de 2011





A vida é feita de ilusões,
mas são das ilusões que saem os melhores momentos da vida.


Grazianny Vasconcelos (Ian)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011





"Liberdade. A minha termina onde a do outro começa".
Ouvi essa frase repetidas vezes de minha mãe ma infância. 
Demorei um pouco para compreendê-la, pois liberdade me parecia tão distante do nosso contexto sócio-cultural-religioso, onde os conceitos que regem a nossa moral já estão prontos.
"O que vou ser quando crescer?"
"Que religião vou seguir?"
"Qual comportamento mais adequado?"
Liberdade estranha!
Se até nos meus pensamentos a falta dela é tão notável.
Tudo o que sei me foi dado pronto, apenas derreti algumas palavras pra ver idéias se misturarem.
Perguntas sem respostas e ainda, tantos nas fogueiras, nos troncos, nas calçadas.
Liberdade subjugada...

Dissabor



Sinto um grande ressentimento
Quando passas, minha flor,
Com o andar de bambu ao vento,
Despertando por um momento
Na minh’alva face o rubor.

É enorme acontecimento
Quando o teu quadril transgressor
Sem o menor acanhamento
Arranca um suspiro, um lamento,
Ilude um pobre sonhador.

Enquanto eu, coitado, olho atento,
Irrompo num grave clamor,
Pois rogo por merecimento,
Até um ar galante invento,
Dos olhares lanço o melhor.

Contudo teu ser pirracento,
Travestida em puro frescor,
Com um toque de acanhamento,
Sangra o estanque ferimento
Co’um sorriso perturbador.

Dói... e me contorço em tormento,
E dói sem ao menos ser dor;
De dentro pra fora arrebento;
Ao lado ouço um corvo agourento
E me derramo em dissabor.

Maranhão Moreira



Autoria :Fauzi Arap 
 
Eu vou te contar que você não me conhece...
E eu tenho que gritar isso porque você está surdo e não me ouve!
A sedução me escraviza à você ...
Ao fim de tudo você permanece comigo, mais presa ao que eu criei e não a mim .
E quanto mais falo sobre a verdade inteira um abismo maior nos separa ....
Você não tem um nome , eu tenho...
Você é um rosto na multidão , e eu sou o centro das atenções , Mas a mentira da aparência do que eu sou , e a mentira da aparência do que você é .
Por que eu , eu não sou o meu nome, e você não é ninguém ...
O jogo perigoso que eu pratico aqui , ele busca a chegar ao limite possível da aproximação.
Através da aceitação , da distância , e do reconhecimento dela.
Entre eu e você existe a notícia que nos separa ...
Eu quero que você me veja nu , eu me dispo da notícia.
E a minha nudez parada , te denuncia , e te espelha...
Eu me delato , tu me relatas...
Eu nos acuso , e confesso por nós.
Assim , me livro das palavras,
Com as quais você me veste .

 




"Religião é como um traje ou uma língua. Gravitamos em torno de práticas com as quais fomos criados. No final, porém, todos proclamamos a mesma coisa. Que a vida tem um sentido. Que somos gratos ao poder que nos criou".


Dan Brown, do livro Anjos e Demônios

Teu mar

Amava tanto
que de tanto mar
mergulhava
ondas perfeitas.
Sua voz acalmava
Inconstância destruía
Sorriso acalentava
Olhar fugia
Amava tanto
Que de tanto amar
Me afoguei
Em ti.

Graziele de Almeida




Sou fã do amor e de todos os seus seguidores.
Não daquele amor do "... e viveram felizes para sempre!!!",
mas do amor real, racional, que não é possuidor, mas tem tudo sem precisar de amarras.
Solto, livre.
Que ama sem a condição de ser amado, sem perguntas e sem respostas.
Ama e fim.

Emanuelle Tínel 

quinta-feira, 8 de setembro de 2011




Vem passear no meu corpo, faze-o tremer novamente, contorna o meu sorriso, cala meus pensamentos desvairados.
A cama está tão fria e fica tão grande. O quarto tão escuro e tão quieto... só o som artificial do vento que a  tua presença abafava.
No tapete, ainda tuas coisas. A lembrança da corrente pendurada na cabeceira da cama, o lençol amarrotado da última noite de amor...
É uma segurança demasiadamente instável, que ora faz bem, ora faz mal. Uma necessidade possessiva e egoísta.
Seu mundo é grande demais, não cabe no meu.

Emanuelle Tínel 



Momento tão singular, mas é inevitável que as palavras se repitam até que se transformem em velhos clichês.
No íntimo sei que vai passar, mas na pele o ardor é tão forte que parece-me queimar a razão.
Enquanto, na partida tua imagem se esvai, teu perfume volta a entorpecer-me, provocando-me intensos delírios, corrompendo meus passos antes tão firmes.
A loucura me ensurdece. Fecho os ouvidos para toda experiência. Ignoro-a. Não quero lembrar o que nos antecede e nem imaginar o que virá a seguir. Só o agora me importa.
E esse agora está repleto de uma vontade insaciável de lançar-me nos teus braços, de me atar no teu corpo, de me deliciar nos teus beijos. E enfim, quando estivermos cansados, apesar de uma alma insone, pedir pra não mais acordar.

Emanuelle Tínel 


Mentira,
fingir que não te espero, que não te busco a todo instante, que não me importo com a tua ausência.
Verdade,
o meu sorriso ao te ver chegar, minha alegria ao ver teus lábios, a minha dor ao te ver partir. 

Passos em falso na escada e na varanda um corpo nu saboreando o tocar do vento.
Abstinência de você.
Um cigarro apagado e ecoando na minha memória a melodia que fiz pra ti.
Mais do que eu posso, menos do que eu mereço.
E a culpa de quem é?
Ardendo em febre por fora e puro gelo por dentro.
Perdoe se for capaz, a tristeza que em mim hoje é tão singular. 
Estou de rosto lavado e se quiser, só agora podes ver a indefesa imagem de quem sou por medo e de quem não, por covardia.

Emanuelle Tínel

Procuro um anjo, alguém pra cuidar de mim incondicionalmente, fora de hora, de espaço, de tempo.
Que faça graça ao me desdobrar e faça-me rir quando me guarda na gaveta. Que soletre frases de amor e transborde ao som de minhas canções.
Que preencha minhas noites vazias e pinte de colorido meu mundinho sem cor.
Que entenda o silêncio do meu grito e ouça os meus passos descalços.
Que vá embora, mesmo que eu o peça pra ficar, entendendo que a solidão é o tempero da alegria que escolhi.
E que, quando um pedido de socorro brotar dos meus olhos, entenda que são apenas frases descompassadas que fugiram de minha oração.


Emanuelle Tínel

terça-feira, 6 de setembro de 2011


Fui feliz! 
Feliz no meu mundinho amarelo! 
Colori tantas vezes meus pensamentos, pintei tantos versos nas paredes.
Tenho saudade do tempo do amor. Tempo que para amar, bastava amar e pronto. Sem regras, sem condição, sem falso moralismo.
Hoje ando só. Às vezes com multidões. Só. Sorriu acompanhada, choro sozinha. Canto alto em frente a espelho pra ver alguém me olhar. 
Não o olhar superficial de mentes curiosamente vazias, que te perseguem nas ruas, mas nada sabem de ti. Não, um olhar estereotipado, carregado de (pré) conceito rotulador que a sociedade insistentemente te obriga a carregar.
Quero um olhar da alma! 
Que absorvam mais do que revelam as máscaras...


Emanuelle Tínel

Agora penso em mim.
Não no passado, não em você, em mim.
Fortaleci o meu ego que tantas vezes tentou destruir.
O que passei, os erros que cometi, as canções que cantei, às vezes que acertei, me tornaram mais eu.
Aprendi a andar sozinha e a não depender dos teus elogios para me arrumar. A ajeitar o quarto, trocar o lençol, sem esperar que venha se deitar.
Vou te aproveitar até a última gota, misturar teu suor no meu, lambuzar meus desejos.
Não quero saber se vai ficar.
Se quiser partir, compro até tua passagem, te ajudo com a bagagem. Não mais quero ir.
Se por acaso sentir saudade e arrependido quiser voltar, te recebo de novo com carinho, sem querer saber se vai ficar.
Pois o que passei, os erros que cometi, as canções que cantei, às vezes que acertei, me tornaram mais eu.


Emanuelle Tínel

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Acho que hoje não consigo escrever.
PA-RA-LI-SIA
da mente, do corpo, das mãos...
As palavras estão presas.
E por que não saem?
Corram! Dancem!
Espalhem-se pelo papel!
Hoje eu queria falar de amor,
de saudade, de sexo, de dor.
Mas elas continuam presas.
Enrolam-se em minha garganta e sufocam-me.

Emanuelle Tínel

Vai!



A partir de hoje será tudo diferente.
Tuas fotos, tuas cartas joguei pela janela do meu quarto.
Só não sei o que faço com teus cheiro ainda impregnado no meu corpo, com tua voz que ecoa de forma quase ensurdecedora, com teus lábios que cismam em aparecer cada vez que fecho os olhos.
Estás aqui ainda tão presente, mas já te disse que não podes ficar.
Então vai. Leva contigo teu ciúme doente, teu mal humor, teu olhar de repressão.
Não precisa deixar os momentos bons. Leva-os contigo também, pois não quero precisar olhar pra trás para ter que relembra-los.
Vai agora!
Sabendo que os passos que estão atrás de ti, são apenas tuas próprias pegadas que te seguem.


Emanuelle Tínel

Fiz da minha vida um teatro:
contraceno com atores principiantes como eu, que entre um sorriso e outro fingem estar feliz.
Durante as cenas sou considerada MESTRE...
o show acaba, a platéia aplaude de pé, as cortinas se fecham e novamente estou só, trancada no camarim de frente ao espelho, permitindo que lágrimas rolem e manchem a minha máscara.

Emanuelle Tínel


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sou a deusa
que manda e desmanda
nos teus dias que sem mim ficariam frios.
Sou tua escrava
a molhar teus pés
e atender ás tuas vontades.
Sou o anjo que te guarda
e vela todas as tuas noites.
Sou o diabo
que atormenta teus sonhos
revirando tua cabeça, tirando teu ar.
Sou tua mãe
quando te embalo em meus braços
e teu pai a te castigar
quando sem querer, sai da linha.
Na escuridão, sou tua luz
teu guia, a companhia dos teus passos.
Mas quando foges de mim...
sou a treva que te deixa perdido.
Confundo teu caminho.
Faço-te bem
se continuas ao meu lado.
Faço-te mal
se negas meu afago.



Emanuelle Tínel